Efeitos do fenômeno La Niña serão curtos no inverno amazônico
Foto: Foto: Milton Almeida/AM ATUL
29/01/2025, quarta-feira
MANAUS – Os meses de fevereiro e março terão maior volume de chuvas em toda a bacia Amazônica e acima da normalidade na região centro-norte. Mas ainda é cedo para afirmar se haverá uma cheia severa porque o fenômeno climático La Niña, que consiste no esfriamento das águas do Oceano Pacífico, será curto e pouco intenso.
A avaliação é de pesquisadores do Labclim/UEA (Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre), da UEA (Universidade do Estado do Amazonas).
Segundo Leonardo Vergasta, meteorologista e pesquisador do Labclim/UEA, as chuvas no Amazonas neste mês de janeiro ocorrem com distribuição irregular. Esse padrão decorre de "anomalias positivas" da TSM (Temperatura da Superfície do Mar) no Oceano Atlântico, na parte Tropical Norte, que, embora enfraquecidos nos últimos dois meses, ainda contribuíram para a redução das precipitações na região.
O impacto foi mais evidente na parte oeste do estado e afetou municípios como Tabatinga e Benjamin Constant, assim como as bacias dos rios que formam o Solimões, incluindo regiões no Peru.
"A bacia do Alto Rio Solimões vai fechar o mês de janeiro com chuvas abaixo da normalidade. Em fevereiro e março, as chuvas poderão ficar acima da normalidade a partir da região centro-norte do estado e a parte sul poderá ficar na normalidade. Mas o chamado inverno amazônico começará a sentir os efeitos do La Niña a partir do mês de fevereiro, reforçando que esse La Niña será curto e pouco intenso", diz Vergasta.
Conforme Vergasta, os efeitos do fenômeno em janeiro, aliado ao enfraquecimento das anomalias de TSM no Atlântico Norte, ocorreu em um momento oportuno para ajudar a restaurar os níveis dos rios.
"Nos próximos dois meses espera-se que as chuvas fiquem acima da média na região centro-norte da bacia Amazônica e do estado do Amazonas, abrangendo as calhas do Alto Rio Negro, Cabeça do Cachorro, Barcelos, Alto e Médio Solimões, além da região centro-leste, que inclui os municípios de Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins. Na parte sul do estado, as chuvas devem permanecer dentro da normalidade", diz o pesquisador
Solimões atípico
No início de janeiro, o Rio Solimões registrava elevações diárias de cinco centímetros, conforme informou o SGB (Serviço Geológico do Brasil) no dia 14. No entanto, a partir do dia 15, o rio passou a apresentar uma rápida descida com redução de 73 centímetros, em média, nos últimos seis dias.
"As quedas no nível do rio em Tabatinga refletem as chuvas abaixo da média na parte oeste da bacia Amazônica, que abrange os rios Ucayali, Marañón e Napo, no Peru. A expectativa é que as chuvas retornem à região nos meses de fevereiro e março", diz o pesquisador.
Questionado sobre as chuvas em Manaus e sua influência no nível do Rio Negro, Vergasta disse que o mês de abril é o período mais chuvoso para a capital, e o volume de precipitação varia em diferentes áreas do estado. "De fato, o que realmente contribui para a elevação dos rios é a ocorrência de chuvas em suas cabeceiras e não em Manaus".
Fonte: Amazonas Atual
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