Governo estima investimento de R$ 68 bilhões para criar infraestrutura e integrar América do Sul
Foto: Leandro Fonseca/Exame (Rio Solimões: dragagem de um dos trechos da hidrovia é necessário para que rota Amazônica aumente o fluxo de comércio do Brasil com países da América do Sul)
29/01/2025, quarta-feira
Estimativa faz parte do projeto Rotas de Integração Sul-Americana, do Ministério do Planejamento, e conta com recursos do Orçamento da União e de bancos de desenvolvimento
O governo brasileiro estimou que são necessários investimentos de R$ 68 bilhões para criar a infraestrutura necessária para integrar a América do Sul. O cálculo levou em conta 190 obras mapeadas como essenciais para interligar o Brasil aos demais países sul-americanos, além das construções necessárias nos territórios das nações vizinhas. Desse total, 150 dependem de recursos públicos e 40 são concessões.
Os dados fazem parte do projeto "Rotas de Integração Sul-America", do Ministério do Planejamento, que mapeou no Brasil os investimentos necessários em rodovias, portos, aeroportos, infovias, ferrovias, hidrovias e linhas de transmissão de energia elétrica.
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Rota Amazônica será a primeira entregue
A primeira que será totalmente concluída é a Rota Amazônica, até novembro de 2025, quando ocorrerá a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém, no Pará. Uma das pernas das outras quatro rotas será concluída até dezembro de 2026.
Segundo Villaverde, para concluir a rota do lado brasileiro é necessário terminar a dragagem do Rio Solimões e instalar uma aduana que funcionará todos os dias em Tabatinga (AM). Dos três trechos em que era necessário aumentar o calado, dois já foram concluídos em 2024 e o último terminará em março de 2025.
No caso da aduana de Tabatinga, o secretário afirma que o servidor da Receita Federal que faz o desembaraço das mercadorias mora em Manaus e vai ao local uma vez por semana. Com o funcionamento diário da aduana, a tendência é de aumento expressivo do comércio pela região.
"Por Tabatinga, em 2024, mesmo sem aduana 100% do tempo, o volume de exportações do Brasil para os países vizinhos foi maior do que nos últimos oito anos somados", diz. "As forças de mercado já estão vendo que essa rota é uma realidade."
A rota Amazônica, conta Villaverde, tem potencial de aumentar o volume de vendas de produtos industriais fabricados na Zona de Manaus, desde eletrodomésticos a veículos. Atualmente, os produtos consumidos no Peru, no Equador e na Colômbia, por exemplo, precisam sair de Manaus para o porto de Santos e passar pelo canal do Panamá até chegarem ao destino. Com a rota concluída, o tempo de viagem será consideravelmente reduzido e o volume exportado tende a aumentar.
"Não temos mais capacidade de exportar bens industriais para a China. Mas os nossos vizinhos que estão aqui compram o que a gente vende a partir da Zona Franca. E eles podem comprar muito mais com essa rota de escoamento", diz.
Além dos industrializados, Villaverde aponta que os produtos da bioeconomia, como castanhas, açaí e cosméticos, têm potencial de serem exportados para os países vizinhos que estão no mesmo bioma.
"Toda essa produção que é da floresta e que depende da floresta de pé para existir pode ser exportada. Os nossos vizinhos estão no mesmo bioma vestem-se do mesmo jeito que os brasileiros, torcem para times de futebol, assistem as nossas novelas, comem as mesmas coisas e são potenciais consumidores do que a gente vende aqui", diz.
Outras obras em andamento
Em uma das pernas da rota 1, que liga o Brasil às Guianas pelo Amapá, a pavimentação asfáltica de rodovia de 104 quilômetros deve ser entregue até o fim de 2026. "O Brasil nunca teve uma conexão rodoviária com a França. A Guiana Francesa é a França", diz. A obra começou em dezembro de 2024.
Em 2025, o governo brasileiro deve assinar a ordem de serviço para construir a ponte binacional Brasil-Bolívia, sobre o rio Mamoré, que ligará a cidade de Guajará-Mirim, em Rondônia, à sua irmã Guayaramerín, do lado boliviano, na província de Bêni. A obra faz parte da rota 3, terá duração de três anos e, segundo Villaverde, é uma dívida histórica do Brasil com a Bolívia.
A obra está prometida desde 1903, quando o Brasil incorporou o que hoje é o Acre. Naquela ocasião, quando o Barão de Rio Branco anexou o Acre ao país, ele se comprometeu, por meio de um tratado, a fazer uma ferrovia na região, o que nunca foi feito. Em 1966, no início da ditadura militar, durante o governo Castelo Branco, o governo brasileiro voltou a conversar com a Bolívia e decidiram substituir o projeto ferroviário por uma ponte, financiada 100% pelo Brasil. Entretanto, a obra também não foi realizada.
"Isso nunca saiu do papel e agora vai. Em 2025, estaremos em Guajará-Mirim para assinar a ordem de serviço para começar a obra da ponte, que é uma das mais caras do PAC, no valor de R$ 475 milhões", diz.
Leia o artigo em sua íntegra no link https://exame.com/brasil/infraestrutura/governo-estima-investimento-de-r-68-bilhoes-para-criar-infraestrutura-e-integrar-america-do-sul/
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 06h08. Última atualização em 24 de janeiro de 2025 às 09h45. O governo brasileiro estimou que são necessários investimentos de R$ 68 bilhões para criar a infraestrutura necessária para integrar a América do Sul. O cálculo levou em conta 190 obras ... exame.com |
Fonte: Revista Exame
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