Coari, Iranduba e Tabatinga estão entre as cidades mais violentas da Amazônia, mostra novo estudo
Foto: Blog de Tabatinga
21/11/2025, sexta-feira
Relatório do Fórum de Segurança Pública revela como facções, rotas fluviais e fronteiras impulsionam a violência no interior
MANAUS (AM) – Os municípios amazonenses Coari, Iranduba e Tabatinga estão entre os mais violentos da Amazônia Legal, conforme um novo estudo do relatório Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que destaca a atuação de facções e disputas por rotas de tráfico como motores da escalada criminal.
Coari aparece entre os principais epicentros da violência, com taxa média de 60,5 mortes violentas por 100 mil habitantes nos últimos três anos. Em 2024, foram 63 homicídios, um aumento de 65% em relação ao ano anterior.
O estudo também aponta que o município sofre "pressão simultânea de facções nacionais e grupos locais, que exploram o isolamento geográfico e o controle das rotas fluviais", o que está sendo apontado como o fator que fez a região mergulhar em uma onda de violência.
A cidade também enfrenta pirataria fluvial e ataques dos chamados "ratos d'água", que atuam em comunidades ribeirinhas e embarcações comerciais. Segundo o relatório, esses grupos "impõem um regime permanente de insegurança a navegantes e moradores das calhas dos rios", como as comunidades ribeirinhas.
Iranduba, já na região metropolitana de Manaus, registrou taxa trienal de 59,1 mortes violentas por 100 mil habitantes. Apesar da queda expressiva em 2024, de 62 homicídios em 2022 para 15 no ano passado, o município permanece inserido na dinâmica criminal da capital, influenciado pela atuação de facção e pela disputa por áreas de expansão urbana.
O estudo indica que Iranduba "absorve fluxos de violência que se deslocam da capital amazonense para a região metropolitana, especialmente em áreas com baixa presença estatal e vulnerabilidade socioeconômica".
Já a cidade de Tabatinga, na tríplice fronteira com Peru e Colômbia, registrou taxa média de 57,6 mortes violentas por 100 mil habitantes entre 2022 e 2024. A cidade é considerada uma das principais entradas de drogas no país pela 'Rota do Solimões', o que a coloca no centro de conflitos e conexões entre organizações criminosas.
Em 2023, Tabatinga viveu um período de confrontos intensos, seguido por redução para 31 homicídios em 2024 após a consolidação da facção Comando Vermelho como grupo dominante. O estudo destaca que alianças com dissidências das FARC ampliam a capacidade logística da facção na região.
Queda nas mortes violentas
Mesmo com cenários críticos nesses municípios, o estado do Amazonas registrou queda geral de 16,6% nas mortes violentas em 2024, passando de 33,2 para 27,4 mortes por 100 mil habitantes. Ainda assim, o Fórum alerta que "as realidades estaduais revelam dinâmicas desiguais, e municípios estratégicos permanecem submetidos ao avanço do narcotráfico".
O relatório conclui que a violência na Amazônia Legal é impulsionada principalmente pela disputa entre facções por rotas fluviais e fronteiras internacionais, como mecanismos de fuga e escoamento da droga. "O crescimento da violência letal está diretamente associado ao controle territorial promovido por organizações criminosas vinculadas ao tráfico", afirma o documento.
Acesse o estudo no link https://drive.google.com/file/d/1vI9l2IxUOByu4-tR4p55fvyHST5E4GHI/view?usp=sharing
Fonte: Júnior Almeida – Rios de Notícias
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